[Review] Os Juízes do Apocalipse

Após a estreia da área de reviews de quadrinhos do 2000 AD Brasil ter sido marcada com uma resenha com spoilers de Os Punhos de Stan Lee, o segundo encadernado do Juiz Dredd publicado pela Pandora (em outubro de 2003), é chegada a hora de comentar os pontos altos e baixos do primeiro encadernado do Juiz pela extinta editora, lançado em junho do mesmo ano: Os Juízes do Apocalipse! [SEM SPOILERS GRAVES]

Antes de iniciar o review propriamente dito, é recomendável que você confira neste link a história completa da Pandora Books, antiga editora que foi a responsável por publicar a maior quantidade de material da 2000 AD até o momento (em diferentes formatos).

Capa do encadernado. Créditos ao Guia dos Quadrinhos pela imagem.

Os Juízes do Apocalipse foi o primeiro encadernado do Juiz Dredd publicado pela editora, em junho de 2003. Antes de iniciar a publicação de encadernados (que somaram dois, este e Os Punhos de Stan Lee) a editora havia lançado duas revistas em formato americano mensal com histórias de um teor mais divertido e descompromissado (e que talvez possam ser resenhadas aqui no blog). Este encadernado contendo 100 páginas, dividido em 15 partes de 6/7 páginas cada, marcou a estreia de histórias mais sérias do Bom Juiz. O formato é 16 x 21 cm, e o preço de capa R$22,00.

Confira abaixo as impressões sem spoilers de cada arco/história do gibi:

Para situar o leitor novato e desentendido, a Pandora optou por inserir uma timeline chamada A História das Mega-Cities, que narra os acontecimentos de 1999 até 2099, período próximo em que a histórias do Dredd se passam. Como visto no review do segundo encadernado, eles alteraram esta opção pela música I Am the Law, do Anthrax, e creio que esta timeline somada aos trechos da música seriam resumos perfeitos e complementares caso estivessem juntos.

Juiz Death (Juge Death Part 1, 2 and 3)
Roteiro: John Wagner
Arte: Brian Bolland
Publicado nas edições 149, 150 e 151 da 2000 AD (1980)
A primeira história do encadernado na verdade é um mini-arco dividido em três partes: O Juiz Death, Sentença mortal e Monstro interior. Este início contém a apresentação do antagonista Juiz Death e também apresenta pela primeira vez a Juíza Anderson, da Divisão Psi. Death veio de uma dimensão onde a vida é um crime, e todos foram exterminados, fazendo com que ele vá até Mega-City Um para aplicar a lei segundo sua visão. A apresentação da Anderson é peça-chave para todas as histórias envolvendo os Juízes Negros (deste encadernado e de histórias futuras), e o roteiro de John Wagner é impecável, somado à arte de Brian Bolland, que também é perfeita e dispensa elogios. Um início fenomenal para o encadernado, com uma resolução para o problema bem imprevisível e divertida.
Nota: 10

Neblina (Night of the Fog)
Roteiro: John Wagner
Arte: Brian Bolland
Publicada na edição 127 da 2000 AD (1979)
Neblina é a história mais viajada, curta e boba do encadernado. Mas isso não a torna ruim! Nela, o Juiz Dredd investiga algumas agressões e assassinatos enquanto uma neblina está envolvendo uma pequena área da cidade, e acaba se deparando com personagens como Sweeney Todd e o Corcunda de Notre Dame. O roteiro de John Wagner vale muito pela homenagem/caracterização de filmes e livros antigos de investigação criminal, e a arte de Brian Bolland se apresenta um pouco mais sombria nesta história. Apesar de ser curta como as próximas histórias (possui apenas 6 páginas), Neblina está meio deslocada, talvez inserida no encadernado apenas pela arte do Brian Bolland e para ocupar um espaço que restou.
Nota: 8

Os crimes da eternidade (The Forever Crimes)
Roteiro: John Wagner
Arte: Brian Bolland
Publicada na edição 120 da 2000 AD (1979)
Agora sim! Os crimes da eternidade é outra história curta (de apenas 6 páginas), mas que serve como uma excelente história de apresentação para quem não conhece o Juiz Dredd. A ambientação também é de investigação criminal (como em 90% das histórias do personagem), mas com um toque de humor que mostra bem como nada escapa da lei em Mega-City Um, além de mostrar como um Juiz é durão e como quase nada consegue pará-lo. O roteiro de Wagner e a arte de Bolland dispensam comentários, pois esta é uma história impecável. Se você possui um amigo que nunca leu Juiz Dredd mas que demonstra algum interesse, apresente esta história para ele. Ela está disponível em inglês online e gratuitamente clicando aqui. Em seguida, peça para que ele busque Apocalypse War (ainda inédita no Brasil), e um novo fã estará conquistado.
Nota: 10

Os punks (Punks Rule)
Roteiro: John Wagner
Arte: Brian Bolland
Publicada na edição 110 da 2000 AD (1979)
Esta é outra história curta, mas que possui uma ligação com o arco que encerra o encadernado. Nela, um grupo chamado Punks Cósmicos está fechando uma área, se declarando juízes e julgando as pessoas que passam por lá, matando-as ou roubando seus pertences. Com isso, o Juiz Dredd decide contrariar os planos inicias do Juiz Chefe e ir sozinho enfrentar um grupo enorme de punks, pois o moral dos Juízes andava meio baixo e os criminosos estavam perdendo o respeito. O roteiro de Wagner é ótimo, a arte está fenomenal, e temos aqui uma história mais descompromissada e que mostra como em Mega-City Um algumas pessoas são julgadas de forma exagerada, em alguns casos, para servir como exemplo aos outros cidadãos que planejam fazer alguma besteira. Afinal, como já sabemos, cada um dos 800 milhões de habitantes é um criminoso em potencial.
Nota: 9

A volta do Juiz Death (Judge Death Lives Part 1 to 5)
Roteiro: John Wagner
Arte: Brian Bolland
Publicado nas edições 224, 225, 226, 227 e 228 da 2000 AD (1981)
A história que dá nome ao encadernado é este arco dividido em cinco partes: A volta do Juiz Death, Justiça macabra, Pânico e morte na cidade, A face do medo e No domínio da morte. Nele, temos a volta triunfal do Juiz Death, e também a apresentação de seus três primos: Juiz Fogo, Juiz Mortis e Juiz Medo, somando assim, os Quatro Juízes do Apocalipse. Este arco explora muito mais os poderes dos Juízes Negros, além de aprofundar toda a mitologia por trás dos personagens, e desenvolver a rivalidade do Death com a Anderson. O roteiro de John Wagner segue numa crescente fantástica de acontecimentos envolvendo uma área específica de Mega-City Um, e a arte de Brian Bolland está tão boa quanto nas outras histórias, gerando momentos icônicos como o clássico “contemple o punho de Dredd“. Esta história ilustra de forma perfeita o motivo dos antagonistas terem se tornado tão famosos e lembrados por todos que conhecem o universo do Dredd.
Nota: 10

O Pai-Terra (Father Earth Part 1 to 4)
Roteiro: John Wagner
Arte: Brian Bolland, Ron Smith
Publicado nas edições 122, 123, 124 e 125 da 2000 AD (1979)
Encerrando o encadernado temos um arco dividido em quatro partes, que possui um link direto com a história Os punks. São as partes: O Pai-Terra, Ataque terrorista!, O esquadrão holocausto e Sangue, suor… e plantas carnívoras! Neste arco, imagine Alan Moore com os poderes do Monstro do Pântano, e você tem o principal antagonista, liderando uma verdadeira horda de pessoas da Terra Amaldiçoada contra Mega-City Um no dia das eleições. A crescente dos acontecimentos nesta história possui um impacto até maior (em questão de destruição) do que o arco dos Juízes do Apocalipse, e aqui temos uma alternância na arte, visto que Brian Bolland ilustrou as duas primeiras partes e Ron Smith ficou responsável pelo restante. É o tipo de história bizarra que envolve mutantes, com uma loucura pirotécnica e uma resolução simples e irônica para os problemas.
Nota: 9

Finalizando rapidamente, deve-se analisar alguns aspectos técnicos. Os Juízes do Apocalipse é um pouco superior ao segundo encadernado, Os Punhos de Stan Lee, e isso é um fato inegável. A arte de Brian Bolland é impecável, e o roteiro de John Wagner parece mais inspirado aqui. Os aspectos negativos da edição ficam por conta de problemas como o formato, que é meio estranho (mesmo formato do segundo encadernado), e o preço um pouco salgado. Mas se você não conhece o universo do Juiz Dredd e deseja se introduzir no melhor dos quadrinhos britânicos, este é o ponto ideal pois vale o preço com prazer, e não encontrei problemas com tradução/revisão (algo comum nas publicações da Pandora).

Nota final: 9,5/10

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6 comentários em “[Review] Os Juízes do Apocalipse

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  1. Excelente resenha, super detalhada! Gostei muito desse encadernado, também o peguei por R$ 5,00 numa livraria / sebo de Osasco / SP (na época tinha uma pilha desses encadernados). Realmente, a parte do “contemple o punho de Dredd” é hilária! O que mais me impressionou foi a arte, é um PB muito bom, com detalhes bem minuciosos. Achei acima da média para a época que foi produzido.

    Percebo também que, lá fora, relançaram muitas dessas histórias coloridas. Depois de ler o encadernado e notar esses detalhes, não tenho coragem de pegar uma versão colorida. Já em histórias do Moebius, em que vi primeiro colorido, sinto falta das cores quando vejo os originais, hehehe.

    E concordo: esse formato que a Pandora lançou é muito estranho, perde-se uns 4 cm de página com aquela diagramação esquisita.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Obrigado! 😀 Tem acompanhado os lançamentos atuais da Mythos? O Dredd é um personagem que combina bastante com o Brasil, acho que boa parte do público leitor de quadrinhos iria adorar, por isso eu divulgo tanto! hahaha
      E as outras séries da 2000 AD são fabulosas x)

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